O MAL NA LITERATURA E NAS ARTES
O mal na literatura e nas artes
Teologia para entendimento e prática de uma evangelização integral, contextual e transformadora (11)
Teologia para entendimento e prática de uma evangelização integral, contextual e transformadora (11)
O mal na literatura e nas artes – comprometidos com uma teologia para a transformação da literatura e artes
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Arte e religiosidade andam muito juntas, visto que tanto a religião é constituída de símbolos, textos em prosa e poéticos, históricos, parábolas etc como a arte se apropria daquilo que é próprio da religião para expressar o dia a dia dos seres humanos em ceias, meditações, manifestações, leituras, análises e tantos outros meios simbólicos de expressão, onde a favor ou mesmo contra a religiosidade latente no ser humano a arte contribui para analisarmos o momento contextual em qualquer época – os poetas presentes nas culturas, nos tempos, nas épocas são os que melhor retratam a época e suas desigualdades – e por poetas não estou simplesmente focalizando um tipo de literatura, mas falando sobre músicos, atores, escritores, repentistas, professores, pessoas que lidam com a criação, a criação do saber onde dia a dia expõem-se e são expostos aos mais radicais conceitos e conceituações sobre o tema da religiosidade no ser humano.
Até mesmo a medicina e a psicologia utilizam-se desse background religioso do ser humano, dizendo-se não se importar com que tipo de fé o paciente tem, mas sim se pode contar com ela, a fé, para que o tratamento seja feito de forma eficaz e com resultados.
Francis Schaeffer é por definição um autor que trata da modernidade moribumba, mas seus escritos perpassam o tempo e chegam até nós revigorados, como se estivesse tratando de nossa época. Sobre arte e cultura em geral ele diz:
Há muitos meios de se matar o homem (ser humano), como homem (ser humano) hoje em dia. Todos eles operam na mesma direção: nenhuma verdade, nenhuma moralidade. Não é necessário ir a galerias de arte ou escutar músicas mais sofisticadas para sermos influenciados pela sua mensagem. O cinema e a televisão, os meios de comunicação mais comuns, se encarregarão de fazê-lo com eficácia, em nosso lugar (1982, p. 53 – grifo meu).
Nesta relação entre religiosidade (principalmente a cristã) e arte ele diz ainda em outro capítulo que “é possível tomar símbolos cristãos não-definidos e usá-los, porém dando-lhe significados diferentes. Seu uso não implica que necessariamente tenham significado cristão” (Schaeffer: 1981, p. 95). Ele está argumentando conosco a respeito de Salvador Dali e seus quadros com temas cristãos para nos dar um exemplo de como a arte pode usar símbolos cristãos e não defini-los de forma cristã. Ele ainda diz, mas mesma página: “Ele (Dali) relaciona o seu próprio misticismo e o misticismo religioso de Teillard de Chardin à desmaterialização impessoal em vez de algo pessoal” (1981, p. 95 – grifo meu).
Assim como a arte e a literatura, que procuram dar forma ao mundo humano, natural e adentrando também ao sobrenatural faz esta ligação entre arte e religião – a religiosidade tem capacidade de informar (e formar) o ethos (que pode bem ser definido sociologicamente como uma síntese dos costumes de um agrupamento social, indicando de uma forma mais generalizada o ponto de vista deste grupo, formando assim sua identidade cultural) em diversos segmentos culturais, posto que sua proposta é a transformação do indivíduo ou mesmo da cultura inteira. A espiritualidade, religiosidade cristã fornece ao ser humano uma janela pela qual, juntamente com tudo mais que influencia este ser humano, de enxergar o mundo que o cerca – fornece em um sentido mais lato sua cosmovisão de mundo e portanto modifica seus pensamentos e ações – quer religiosas ou não, em uma visão mais monolítica de significado.
O grande problema é a dissociação que a ordodoxia (aqui como conjunto de crenças que um grupo ou indivíduo possui) tem da ortopraxia (interprete como um conjunto de idéias e valores do grupo ou do indivíduo, ou mesmo como um grupo de crenças e práticas religiosas que este grupo ou indivíduo tem). Uma não está em oposição à outra, mas pode muito bem ser um termo de comparação ver se o que se crê está intimamente ligado ao que se faz, correndo-se se o risco de um farisaísmo posterior mas não desafinado com os tempos bíblicos da igreja primitiva, onde Fariseus judeus, mestres e doutores na lei (religiosidade) falavam sobre os seus princípios e regras sem vivenciá-las na sua inteireza.
Joseph Campbell fala das metáforas que as histórias e mitos na religiosidade descrevem e nos dá talvez uma síntese do pensamento que se forma a partir de uma análise dissociada das artes, da literatura, do entendimento cultural sem que se veja nisso o sentido para a espiritualidade do indivíduo ou do grupo. Ele diz “as metáforas apenas aparentam descrever o mundo exterior do tempo e do espaço. Seu universo real é o domínio espiritual da vida interior. O Reino de Deus está no interior de você” (2006, p. 78).
É desta separação, que se tenta fazer, que surge uma idéia dissociada do que a arte e a religiosidde tem em comum.
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