sábado, 22 de setembro de 2012

NOTÍCIA DO BRASIL


Classe média
A nova "classe media": mais trabalho, mais renda, mais consumo

Mais trabalho e renda elevam 53% dos brasileiros à classe média


A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República divulga o estudo Vozes da Classe Média, onde constata que mais de 30 milhões de brasileiros ascenderam a este segmento na última década.

Por José Carlos Ruy


A chamada classe média inclui, hoje, 53% (mais da metade, portanto) da população brasileira. Mas o que é mesmo essa tão louvada classe média?

A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República acaba de publicar o estudo Vozes da Classe Média, que alinha dados e argumentos para comprovar o crescimento do contingente que compõe a chamada classe média (104 milhões de brasileiros). E comemorar o feito, sem dúvida.

Há uma confusão conceitual sobre a perceptível mudança que ocorreu nestes anos. Entre 2003 e 2010 (nos dois mandatos do presidente Luís Inácio Lula da Silva) mais de 30 milhões de brasileiros ascenderam à nova situação social, passando dos 38% em 2002 para os atuais 53%, podendo chegar a 57% em 2022, prevê o estudo.

Houve de fato uma mudança na renda e no emprego, embora seja impróprio e pouco de acordo com a ciência considerar que tenha havido mudança de classe social. Classe social designa a posição das pessoas em relação às relações de produção e ao papel que desempenham nela.

Assim, sumariamente, os proprietários dos meios de produção (e do capital) formam a burguesia, que é a classe dominante; os demais, não proprietários, donos apenas de sua força de trabalho, que são obrigados a vender em troca de um salário para os donos do capital, formam outra classe social, o proletariado. A classe intermediária, formada ou por pequenos patrões (a pequena burguesia, dona de meios de produção e que exerce também o trabalho manual) ou pelos profissionais empregados em posições destacadas na administração das empresas ou funções assemelhadas (estes sim são os que formam a classe média).

O que ocorreu, então, que merece a comemoração do governo? O estudo divulgado nesta quinta-feira (20) apresenta aquilo que chama de “classes” não com base na posição que a pessoa exerce na produção material, mas em sua capacidade de consumo; isto é, em sua renda, que é a forma usada pela sociologia convencional, com base no senso comum, para a distinção do que chama de “classes”.

Assim, o estudo divide os brasileiros em três classes: alta, média, e pobres. A classe alta é formada por aqueles que têm renda per capita mensal superior a 1.019 reais; a classe média tem renda entre 291 e 1.019 reais por mês; os detentores de renda inferior a 291 reais por mês formam o contingente dos pobres. 

Foi identificado também um grupo intermediário entre os pobres e a “classe média”, que o estudo chamou de “vulneráveis”, pessoas que vivem em famílias cuja renda está acima da linha oficial de pobreza (162 mensais per capita), mas abaixo do limite inferior para serem considerados como “classe média” (291 reais per capita).

Isto é, aquilo que o estudo chama de “classes” são, na verdade, grupos de renda e de consumo.

Feitas estas ressalvas, os dados que o estudo apresenta são consideráveis. A mudança ali registrada resulta de medidas adotadas que levaram o Brasil de volta ao caminho do crescimento econômico cujo efeito foi a redução da desigualdade. A ascensão verificada nestes anos deriva diretamente da volta do emprego formal. Entre 2003 e 2010, diz o estudo, foram criados 14 milhões de empregos com carteira assinada; juntamente com a política de valorização do salário mínimo, que levou a um crescimento de 20% no salário médio do trabalhador engordaram este segmento de consumo designado como “classe média” que já é responsável por 36% da renda brasileira e 38% do consumo das famílias, e vai movimentar, este ano, a estonteante quantia de um trilhão de reais.

Esta ascensão social resulta das políticas adotadas, pelo governo federal sobretudo, na última década, sendo mais acelerada do que o crescimento natural da população, diz o estudo. “A classe média brasileira tem hoje 37 milhões de pessoas a mais do que tinha há uma década. Desse total, oito milhões são resultado do crescimento natural da população brasileira e 29 milhões se devem à entrada de pessoas na classe média”.

Outra conclusão que o estudo permite é que o setor social que, nos últimos tempos vem sendo chamado de “classe média” é formado na verdade por trabalhadores assalariados, e que sua ascensão não significa uma alteração na estrutura de classes na sociedade brasileira mas resulta dos efeitos benéficos da formalização do trabalho e valorização salarial que começaram a inverter a espiral de precarização, desemprego e salários baixos que caracterizou o período de predomínio neoliberal dos tempos de Fernando Henrique Cardoso na Presidência da República. O estudo mostrou que mais de ¾ da renda das famílias da chamada “classe média” resulta do trabalho e, portanto, “muito da ascensão social se dá via maior acesso ao trabalho”.

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